Programa para uma estratégia regional de desenvolvimento económico, social e cultural, com intervenção em aldeias de baixa densidade realizado para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.

Abrangeu as sub-regiões Costa Vicentina, Serra de Monchique, Barrocal, Serra do Caldeirão, Guadiana e Nordeste Algarvio tendo como destinatárias finais as aldeias de Budens, Carrapateira, Caldas de Monchique, S. Marcos da Serra, Paderne, Querença, Estói, Cacela Velha, Cachopo, Vaqueiros e Odeleite –

Envolveu pesquisas temáticas (localização geográfica, envolvente ambiental, demografia, índice de escolarização, actividades económicas predominantes, história regional e local, artesanato, lendas e tradições, gastronomia, festividade, património construído, arqueologia, literatura, artes performativas, equipamentos e espaços públicos, associações culturais e/ou colectividades, urbanismo e espaços públicos) e inquéritos locais com o objectivo de consolidar propostas de animação para as diferentes aldeias abrangidas.

Partindo de histórias e vivências locais e de dados documentais específicos, foi possível articular as várias propostas num contexto mais alargado a toda a região, dando-lhe coerência, sentido e exequibilidade.

Deu especial relevo às pessoas, objectos e gestos do quotidiano considerados parte integrante de um património local, regional ou mesmo nacional. Neste sentido tende a “patrimonializar” as actividades do quotidiano ameaçadas de desaparecimento o que, a suceder, implicaria o desequilíbrio das estruturas sociais e humanas e as próprias economias rurais.

Os artesãos, os homens, as mulheres, as crianças, os gestos do quotidiano rural e aldeão, os passatempos, os prazeres, os silêncios, as sensibilidades, os gostos, as superstições, os medos, os desejos, etc. tudo foi considerado para uma melhor e mais eficiente intervenção cultural que possa integrar os residentes e atrair os visitantes.

O estudo desenvolvido teve ainda como objectivo a criação de um circuito de turismo cultural nas aldeias do Algarve permitindo prolongar as práticas culturais dos residentes e dos turistas durante as suas férias e/ou viagens de fim-de-semana.

A ruralidade e a valorização da cultura popular foram fontes de inspiração, em consonância com um património de conhecimentos, de saberes e de valores que encontramos em muitas das aldeias do Algarve e permitem uma reconstrução identitária local ou regional, já perdida nos núcleos urbanos ou industrializados, capazes de se diferenciar dos processos de massificação global.

Entre as diversas propostas que resultam do programa salientam-se as dedicadas às artes e ofícios tradicionais valorizados numa perpectiva contemporânea e o potencial da gastronomia do sul como factor de desenvolvimento e promoção regional e nacional.